Por que a
Surdocegueira não é uma Deficiência Múltipla
A pessoa que
nasce com surdocegueira ou que fica surdocega não recebe as informações sobre o
que está sua volta de maneira fidedigna, ela precisa da mediação de comunicação
para poder receber, interpretar e conhecer o que lhe cerca.
Seu conhecimento
do mundo se faz pelo uso dos canais sensoriais proximais como: tato, olfato,
paladar, cinestésico, proprioceptivo e vestibular.
Na deficiência Múltipla não garantimos que todas as
informações muitas vezes chegam para a pessoa de forma fidedigna, mas ela
sempre terá o apoio de um dos canais distantes (visão e ou audição) como ponto
de referência, esses dois canais são responsáveis pela maioria do conhecimento
que vamos adquirindo ao longo da vida.
Aspectos Importantes sobre
Comunicação com pessoas com Surdocegueira e com Deficiência Múltipla
Para as pessoas
com surdocegueira e ou com deficiência múltipla dividimos a comunicação em
Receptiva e Expressiva, para favorecer a eficiência da transmissão e interpretação.
A comunicação
receptiva ocorre quando alguém recebe e processa a informação dada por meio de
uma fonte e forma (escrita, fala, Libras e etc). A informação pode ser recebida
por meio de uma pessoa, radio ou TV, objetos, figuras, ou por uma variedade de
outras fontes e formas. No entanto, comunicação receptiva requer que a pessoa
que está recebendo a informação forme uma interpretação que seja equivalente
com a mensagem de quem enviou tentou passar.
A comunicação
expressiva requer que um comunicador (pessoa que comunica) passe a informação
para outra pessoa. Comunicação expressiva pode ser realizada por meio do uso de
objetos, gestos, movimentos corporais, fala, escrita, figuras, e muitas outras
variações.
Aspectos Importantes para saber sobre Surdocegueira e DMU
Sobre Conceito,
Definição e Terminologia
A
surdocegueira é uma terminologia adotada mundialmente para se referir a pessoas
que tem perdas visuais e auditivas concomitantes em graus diferentes, podendo
ser:
a) Surdocego total: ausência total de visão e
audição.
b) Surdocego com surdez profunda associada com
resíduo visual: ausência de percepção da fala mesmo com aparelho de
amplificação sonora individual, com resíduo visual que permite orientar-se pela
luz, facilitando a mobilidade e com apoio de alto contraste é possível ter
percepção de objetos, pessoas e escrita ou símbolos
c) Surdocego com surdez moderada associada com
resíduo visual: dificuldade para compreender a fala em voz normal e sua
percepção visual à luz permite mobilidade e com apoio de alto contraste é
possível ter percepção de objetos, pessoas e escrita ou símbolos
d) Surdocego com surdez moderada ou leve com
cegueira: dificuldade auditiva para compreender a fala em voz normal ou baixa é
necessário falar mais próximo ao ouvido e tom mais alto (fala ampliada), total
ausência de visão, sem percepção de luminosidade ou vulto..
e) Surdocego com perdas leves, tanto auditivas
quanto visuais: dificuldade para compreender a fala em voz baixa e seu resíduo
visual possibilita que defina e perceba volumes, cores e leitura em tinta
ampliada.
Quanto
ao período em que surgiu a Surdocegueira temos a definição:
a) Surdocegueira congênita: quando a criança nasce surdocega ou adquire a
surdocegueira nos primeiros anos de vida antes da aquisição de uma língua
(português ou Libras – Língua Brasileira de Sinais). Um exemplo mais frequente
destes casos é a criança com sequelas da síndrome da rubéola congênita.
b) Surdocegueira adquirida: quando a pessoa
ficou surdocega após a aquisição de uma língua, seja oral ou sinalizada. Os
exemplos mais frequentes deste grupo são pessoas com Síndrome de Usher.
Segundo Grupo Brasil (2002), este grupo de pessoas podem
ser:
· Pessoas nascidas com audição e visão
normal e que adquiriram perdas totais ou parciais de visão e audição
· Pessoas com perda auditiva ou surdas
congênitas com deficiência visual adquirida
· Pessoas com perda visual ou cegas
congênitas com deficiência auditiva adquirida
Por
que os termos Surdocegueira, surdocegos são escritos sem hífen?
A
partir do ano de 1991, profissionais, familiares e pessoas com surdocegueira se
uniram para uma “Ação Afirmativa” do reconhecimento da surdocegueira como uma
deficiência única, em virtude de não se beneficiarem dos programas educacionais
para pessoas somente com surdez e ou de pessoas com deficiência visual.
Essa
ação afirmativa ganhou vulto mundial e hoje ela é reconhecida pela ONU conforme
Convenção ratificada pelo Brasil, pelos parlamentos: Andino e Europeu bem como
nos governos dos: Estados Unidos, Austrália e Canadá.
No
Brasil desde 2000 ela está sendo reconhecida pelo Ministério da Educação e
Ministério da Justiça e Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, hoje as
Secretarias das Pessoas com Deficiência e os Conselhos Estaduais e Municipais
também já reconhecem.
Deficiência
Múltipla
No
Brasil a deficiência múltipla é considerada como uma associação de duas
deficiências ou mais. Na América Latina, América do Norte, Europa, Asia e
Oceania a Deficiência Múltipla só é considerada se há nas associações das
Deficiências a Deficiência Intelectual.
Como
pode ocorrer a Deficiência Múltipla no Brasil
Física
e Psíquica
· Deficiência
física associada a Deficiência
Intelectual
· Deficiência Física associada a Transtornos Globais do
Desenvolvimento.
Sensorial e Psíquica
· Deficiência
Auditiva/Surdez associada à Deficiência Intelectual
· Deficiência
Visual associada à Deficiência Intelectual
· Deficiência
Auditiva/Surdez associada a Transtornos Globais do Desenvolvimento
· Deficiência
Visual associada a Transtornos Globais do desenvolvimento.
Sensorial e Física
· Deficiência Auditiva/Surdez associada
à Deficiência Física
· Deficiência Auditiva/Surdez associada
à Paralisia Cerebral
· Deficiência Visual (cegueira ou baixa
visão) associada à Deficiência Física
· Deficiência Visual ( cegueira ou baixa
visão) associada à Paralisia Cerebral
Física, Psíquica e
Sensorial
· Deficiência
física associada à deficiência visual (cegueira ou baixa visão) e a Deficiência Intelectual.
· Deficiência
física associada à Deficiência Auditiva/Surdez e a Deficiência Intelectual
· Deficiência
visual (Cegueira e ou baixa visão), paralisia cerebral e Deficiência
Intelectual.
A interação Social e a
Comunicação- aspectos fundamentais para o
desenvolvimento da
linguagem
Os termos “interação
social” e “comunicação” estão intimamente relacionados. Tomemos por definição
de interação social o processo pelo qual dois indivíduos influenciam mutuamente
os atos um do outro. A comunicação implica em interação, e mais, a comunicação
é definida como uma forma de interação em que o significado é transmitido por
meio do uso ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO AEE E SURDOCEGUEIRA E
DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA.
Sua comunicação inicial
é pelo movimento corporal e vocalizações. Precisam aprender
por rotinas organizadas. A caixa de antecipação será sua primeira estratégia de
comunicação.
Os métodos de ensino têm mudado com o tempo, isto porque
novos problemas foram levantados.
Foram observados 3 (três) aspectos mais importantes:
1- Desenvolvimento motor.
2-Observação do comportamento e personalidade da criança.
3-Diagnóstico precoce.
Observamos também que são visíveis as limitações da atividade
motora em crianças surdocegas.
As funções motoras são mal desenvolvidas e
se gastam muitas energias nos movimentos estereotipados do corpo. Se a criança
não foi estimulada, ela vai ficar se balançando ou olhando fixo para uma
determinada luz durante horas; e sabemos que a atividade sensorial-motora dá a
base para o desenvolvimento de imagem e conceitos. Enquanto a criança está
ocupada com a estimulação de seu próprio corpo, terá pouca experiência
espacial, não vai experenciar os objetos na sua qualidade real, apenas como uma
extensão de seu próprio corpo. Se a criança ficar muito tempo parada, pouco se
desenvolverá porque somente se movimentando pelo e através do espaço, os
conceitos de Tempo e Distância se estabelecerão.
A proposta da educação é “desenvolver” as
imagens da criança, formar mentalmente, simbolizar conceitos e comunicação.
Isto, no entanto, só é possível quando a criança tem uma base sólida de
experiência motora.
Mostraremos e discutiremos como a atividade motora pode ser
usada como um meio favorável para a comunicação.
A – Antecipação
Quando se faz uma série de movimentos com a criança e o modelo é
repetido eventualmente, a criança vai levantar seus pés quando tiver que subir
uma escada. Estas antecipações são muito importantes porque são movimentos que
a criança faz quando envolvida ao ambiente externo. Este é também um movimento
oportuno para desenvolver um sinal de acordo com a atividade, por exemplo:
batendo de leve no joelho da criança, indicando que é para subir.
B – Imitação
Um comportamento
imitativo pode ser desenvolvido através de uma criatividade motora. A psicologia
da aprendizagem e pesquisas mostram a importância da imitação para o
desenvolvimento da linguagem. É um trabalho estimulante se feito co-ativamente
(professora-criança, mãe-criança, etc.).
C – Memória
O maior problema na
educação de crianças surdocegas é a sua curta duração da memória. Esta pode ser
ajudada por atividades na qual a ordem dos movimentos é crucial. Não se pode
exigir que a criança lembre a seqüência dos padrões motores que estão sendo
treinados.
D – Ritmo
Muita pesquisa se
tem feito no ritmo para memorizar ordens. É aliado com a audição e condição de
percepção de ordens (seqüência).
Ritmo não é somente um desenvolvimento
importante para linguagem. É também uma parte de nosso plano de comportamento,
como será tratado na parte três desta introdução. Um conhecimento pobre do
corpo é geralmente a base de problemas severos de comunicação. Inicialmente
ensaiamos as nossas crianças a fazer sinais arbitrários, tais como a batida no
braço ou, na mão. Isto se dá repetidamente e a criança começa a confundir estes
sinais depois de terem aprendido uma vez. Isto não era o caso, no entanto
quando os sinais eram similares ao objeto que representava. Por exemplo: quando
a criança pede que a coloque para balançar e o sinal arbitrário de “B” do alfabeto
manual for feito, a criança não se lembrará disto. Ao contrário, quando a
criança imitou o movimento de balançar com suas mãos ou com seu corpo, mostrou
que ela se lembrou do sinal mais claramente. Nós temos aqui uma indicação o
gesto natural é parte do símbolo consciente (percepção).
Na
criança, cujo estágio de gesto natural foi deixado de lado é obvio que sua
aquisição de linguagem faltou na parte essencial. Deve ser dito que para
algumas crianças levou mais tempo que dois ou três anos antes delas alcançarem
seu estágio de gesto natural, mas depois que este estágio de gosto natural foi
alcançado, a linguagem se desenvolve rapidamente. Então, temos o problema de
qual método de comunicação usar, porque depois de 30 ou 40 gestos naturais.
Faz-se necessário ampliar a comunicação num sistema mais refinado. È lógico
mudar de gesto natural para um sistema não formal de língua de sinais para
surdos. Com poucas crianças esta direção foi escolhida, mas tão logo os sinais
começaram a ficar muito complicados, a criança experenciou grande dificuldade
porque muitos sinais formais requerem um desenvolvimento da imagem corporal e
uma boa memória para uma série de movimentos. Como foram declaradas antes,
estas são as duas áreas mais pobremente desenvolvidas na criança surdocega.
Surpreendentemente, o alfabeto manual pode
ser usado com as crianças que tem problemas motores. Aliás, este sistema requer
pouca coordenação motora.
O
alfabeto manual pode ser desenvolvido de dois modos: Se a criança tiver resíduo
visual, ensine antes as palavras escritas e depois os movimentos da mão, mas é
preferível soletrar a palavra completa como um “gestalt motor” na mão da
criança surdocega.
Inicialmente
a criança imita os padrões de modo geral; mais tarde o padrão se tornará mais
refinado e exato. Deste modo, a criança aprende a reconhecer os padrões
(módulo) da palavra inteira, como também as letras.
Se a criança é capaz de perceber letras
soltas, estas percepções da palavra são lentas e desarticuladas, isto é, uma
influência negativa, pois leva a usar pouco a memória. O alfabeto manual parece
um sistema de comunicação abstrato, mas há um certo numero de crianças com
déficit intelectual que tem habilidade de desenvolver comunicação por este
sistema.
Quando estudamos a historia da educação do surdocego,
vemos que tradicionalmente a criança foi educada de acordo com o princípio de
aprendizagem associativa, que é comparar a palavra falada, escrita ou soletrada
com o objeto. Desde o começo do nosso trabalho com crianças surdocegas, temos
tentado educar a criança com atividade comunicativa. Isto quer dizer, ensina-se
a criança a perguntar por coisas e se interessar por coisas ao seu redor. Em
outras palavras, ela é encorajada a emitir os sinais para o mundo e será
reforçado quando o ambiente responde. Quando a palavra ou frase representa
sentimento ou intenções, ela lembrará dela e a usará corretamente em situações
adequadas.
No entanto, o problema é que pouquíssimas
crianças respondem espontaneamente ao ambiente. Mesmo surdos com outros
problemas, como visão reduzida ou outro problema não demonstrado, sentem,
também, muita dificuldade para responder ao ambiente como sentem os surdocegos.
Este é o problema do contato com o ambiente que é um obstáculo na educação das
crianças surdocegas.
Referências
Acessado em 07 de Abril de 2014 às 10:20, https://sites.google.com/site/direitoadiferencaamais/dmu-deficiencias-multiplas-e-surdocegueira.
Shirley Rodrigues Maia.
Surdocegueira e DMU:aspectos importantes para saber sobre surdocegueira e DMU. 2013.
Acessado em 31/03/2014 às 11:20, http://especiaismomentos.blogspot.com.br/2013/07/surdocegueira-e-dmu.html.