segunda-feira, 7 de abril de 2014

Diferença entre DMU e Surdocegueira


Por que a Surdocegueira não é uma Deficiência Múltipla

   A pessoa que nasce com surdocegueira ou que fica surdocega não recebe as informações sobre o que está sua volta de maneira fidedigna, ela precisa da mediação de comunicação para poder receber, interpretar e conhecer o que lhe cerca.
   Seu conhecimento do mundo se faz pelo uso dos canais sensoriais proximais como: tato, olfato, paladar, cinestésico, proprioceptivo e vestibular.
Na deficiência Múltipla não garantimos que todas as informações muitas vezes chegam para a pessoa de forma fidedigna, mas ela sempre terá o apoio de um dos canais distantes (visão e ou audição) como ponto de referência, esses dois canais são responsáveis pela maioria do conhecimento que vamos adquirindo ao longo da vida.

Aspectos Importantes sobre Comunicação com pessoas com Surdocegueira e com Deficiência Múltipla

   Para as pessoas com surdocegueira e ou com deficiência múltipla dividimos a comunicação em Receptiva e Expressiva, para favorecer a eficiência da transmissão e interpretação.
   A comunicação receptiva ocorre quando alguém recebe e processa a informação dada por meio de uma fonte e forma (escrita, fala, Libras e etc). A informação pode ser recebida por meio de uma pessoa, radio ou TV, objetos, figuras, ou por uma variedade de outras fontes e formas. No entanto, comunicação receptiva requer que a pessoa que está recebendo a informação forme uma interpretação que seja equivalente com a mensagem de quem enviou tentou passar.

   A comunicação expressiva requer que um comunicador (pessoa que comunica) passe a informação para outra pessoa. Comunicação expressiva pode ser realizada por meio do uso de objetos, gestos, movimentos corporais, fala, escrita, figuras, e muitas outras variações.


Aspectos Importantes para saber sobre Surdocegueira e DMU


Sobre Conceito, Definição e Terminologia
A surdocegueira é uma terminologia adotada mundialmente para se referir a pessoas que tem perdas visuais e auditivas concomitantes em graus diferentes, podendo ser:

a)   Surdocego total: ausência total de visão e audição.
b)   Surdocego com surdez profunda associada com resíduo visual: ausência de percepção da fala mesmo com aparelho de amplificação sonora individual, com resíduo visual que permite orientar-se pela luz, facilitando a mobilidade e com apoio de alto contraste é possível ter percepção de objetos, pessoas e escrita ou símbolos
c)   Surdocego com surdez moderada associada com resíduo visual: dificuldade para compreender a fala em voz normal e sua percepção visual à luz permite mobilidade e com apoio de alto contraste é possível ter percepção de objetos, pessoas e escrita ou símbolos
d)   Surdocego com surdez moderada ou leve com cegueira: dificuldade auditiva para compreender a fala em voz normal ou baixa é necessário falar mais próximo ao ouvido e tom mais alto (fala ampliada), total ausência de visão, sem percepção de luminosidade ou vulto..
e)   Surdocego com perdas leves, tanto auditivas quanto visuais: dificuldade para compreender a fala em voz baixa e seu resíduo visual possibilita que defina e perceba volumes, cores e leitura em tinta ampliada.

Quanto ao período em que surgiu a Surdocegueira temos a definição:

a)   Surdocegueira congênita: quando a criança nasce surdocega ou adquire a surdocegueira nos primeiros anos de vida antes da aquisição de uma língua (português ou Libras – Língua Brasileira de Sinais). Um exemplo mais frequente destes casos é a criança com sequelas da síndrome da rubéola congênita.
b)   Surdocegueira adquirida: quando a pessoa ficou surdocega após a aquisição de uma língua, seja oral ou sinalizada. Os exemplos mais frequentes deste grupo são pessoas com Síndrome de Usher.

Segundo Grupo Brasil (2002), este grupo de pessoas podem ser:

·         Pessoas nascidas com audição e visão normal e que adquiriram perdas totais ou parciais de visão e audição
·         Pessoas com perda auditiva ou surdas congênitas com deficiência visual adquirida
·         Pessoas com perda visual ou cegas congênitas com deficiência auditiva adquirida

Por que os termos Surdocegueira, surdocegos são escritos sem hífen?
A partir do ano de 1991, profissionais, familiares e pessoas com surdocegueira se uniram para uma “Ação Afirmativa” do reconhecimento da surdocegueira como uma deficiência única, em virtude de não se beneficiarem dos programas educacionais para pessoas somente com surdez e ou de pessoas com deficiência visual.
Essa ação afirmativa ganhou vulto mundial e hoje ela é reconhecida pela ONU conforme Convenção ratificada pelo Brasil, pelos parlamentos: Andino e Europeu bem como nos governos dos: Estados Unidos, Austrália e Canadá.
No Brasil desde 2000 ela está sendo reconhecida pelo Ministério da Educação e Ministério da Justiça e Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, hoje as Secretarias das Pessoas com Deficiência e os Conselhos Estaduais e Municipais também já reconhecem.

Deficiência Múltipla
No Brasil a deficiência múltipla é considerada como uma associação de duas deficiências ou mais. Na América Latina, América do Norte, Europa, Asia e Oceania a Deficiência Múltipla só é considerada se há nas associações das Deficiências a Deficiência Intelectual.

Como pode ocorrer a Deficiência Múltipla no Brasil

Física e Psíquica
·      Deficiência física associada a Deficiência Intelectual
·      Deficiência Física associada a Transtornos Globais do Desenvolvimento.

Sensorial e Psíquica
·     Deficiência Auditiva/Surdez associada à Deficiência Intelectual
·     Deficiência Visual associada à Deficiência Intelectual
·     Deficiência Auditiva/Surdez associada a Transtornos Globais do Desenvolvimento
·     Deficiência Visual associada a Transtornos Globais do desenvolvimento.

Sensorial e Física
·         Deficiência Auditiva/Surdez associada à Deficiência Física
·         Deficiência Auditiva/Surdez associada à Paralisia Cerebral
·         Deficiência Visual (cegueira ou baixa visão) associada à Deficiência Física
·         Deficiência Visual ( cegueira ou baixa visão) associada à Paralisia Cerebral


Física, Psíquica e Sensorial
·    Deficiência física associada à deficiência visual (cegueira ou baixa visão) e a    Deficiência Intelectual.
·    Deficiência física associada à Deficiência Auditiva/Surdez e a Deficiência Intelectual
·    Deficiência visual (Cegueira e ou baixa visão), paralisia cerebral e Deficiência Intelectual.

A interação Social e a Comunicação- aspectos fundamentais para o
desenvolvimento da linguagem

Os termos “interação social” e “comunicação” estão intimamente relacionados. Tomemos por definição de interação social o processo pelo qual dois indivíduos influenciam mutuamente os atos um do outro. A comunicação implica em interação, e mais, a comunicação é definida como uma forma de interação em que o significado é transmitido por meio do uso ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO AEE E SURDOCEGUEIRA E DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA.
Sua comunicação inicial é pelo movimento corporal e vocalizações. Precisam aprender por rotinas organizadas. A caixa de antecipação será sua primeira estratégia de comunicação.

Os métodos de ensino têm mudado com o tempo, isto porque novos problemas foram levantados.
Foram observados 3 (três) aspectos mais importantes:
1- Desenvolvimento motor.
2-Observação do comportamento e personalidade da criança.
3-Diagnóstico precoce.
Observamos também que são visíveis as limitações da atividade motora em crianças surdocegas.
   As funções motoras são mal desenvolvidas e se gastam muitas energias nos movimentos estereotipados do corpo. Se a criança não foi estimulada, ela vai ficar se balançando ou olhando fixo para uma determinada luz durante horas; e sabemos que a atividade sensorial-motora dá a base para o desenvolvimento de imagem e conceitos. Enquanto a criança está ocupada com a estimulação de seu próprio corpo, terá pouca experiência espacial, não vai experenciar os objetos na sua qualidade real, apenas como uma extensão de seu próprio corpo. Se a criança ficar muito tempo parada, pouco se desenvolverá porque somente se movimentando pelo e através do espaço, os conceitos de Tempo e Distância se estabelecerão.
   A proposta da educação é “desenvolver” as imagens da criança, formar mentalmente, simbolizar conceitos e comunicação. Isto, no entanto, só é possível quando a criança tem uma base sólida de experiência motora.
Mostraremos e discutiremos como a atividade motora pode ser usada como um meio favorável para a comunicação.

A – Antecipação
Quando se faz uma série de movimentos com a criança e o modelo é repetido eventualmente, a criança vai levantar seus pés quando tiver que subir uma escada. Estas antecipações são muito importantes porque são movimentos que a criança faz quando envolvida ao ambiente externo. Este é também um movimento oportuno para desenvolver um sinal de acordo com a atividade, por exemplo: batendo de leve no joelho da criança, indicando que é para subir.
B – Imitação
Um comportamento imitativo pode ser desenvolvido através de uma criatividade motora. A psicologia da aprendizagem e pesquisas mostram a importância da imitação para o desenvolvimento da linguagem. É um trabalho estimulante se feito co-ativamente (professora-criança, mãe-criança, etc.).

C – Memória
O maior problema na educação de crianças surdocegas é a sua curta duração da memória. Esta pode ser ajudada por atividades na qual a ordem dos movimentos é crucial. Não se pode exigir que a criança lembre a seqüência dos padrões motores que estão sendo treinados.

D – Ritmo
Muita pesquisa se tem feito no ritmo para memorizar ordens. É aliado com a audição e condição de percepção de ordens (seqüência).
   Ritmo não é somente um desenvolvimento importante para linguagem. É também uma parte de nosso plano de comportamento, como será tratado na parte três desta introdução. Um conhecimento pobre do corpo é geralmente a base de problemas severos de comunicação. Inicialmente ensaiamos as nossas crianças a fazer sinais arbitrários, tais como a batida no braço ou, na mão. Isto se dá repetidamente e a criança começa a confundir estes sinais depois de terem aprendido uma vez. Isto não era o caso, no entanto quando os sinais eram similares ao objeto que representava. Por exemplo: quando a criança pede que a coloque para balançar e o sinal arbitrário de “B” do alfabeto manual for feito, a criança não se lembrará disto. Ao contrário, quando a criança imitou o movimento de balançar com suas mãos ou com seu corpo, mostrou que ela se lembrou do sinal mais claramente. Nós temos aqui uma indicação o gesto natural é parte do símbolo consciente (percepção).
   Na criança, cujo estágio de gesto natural foi deixado de lado é obvio que sua aquisição de linguagem faltou na parte essencial. Deve ser dito que para algumas crianças levou mais tempo que dois ou três anos antes delas alcançarem seu estágio de gesto natural, mas depois que este estágio de gosto natural foi alcançado, a linguagem se desenvolve rapidamente. Então, temos o problema de qual método de comunicação usar, porque depois de 30 ou 40 gestos naturais. Faz-se necessário ampliar a comunicação num sistema mais refinado. È lógico mudar de gesto natural para um sistema não formal de língua de sinais para surdos. Com poucas crianças esta direção foi escolhida, mas tão logo os sinais começaram a ficar muito complicados, a criança experenciou grande dificuldade porque muitos sinais formais requerem um desenvolvimento da imagem corporal e uma boa memória para uma série de movimentos. Como foram declaradas antes, estas são as duas áreas mais pobremente desenvolvidas na criança surdocega.
   Surpreendentemente, o alfabeto manual pode ser usado com as crianças que tem problemas motores. Aliás, este sistema requer pouca coordenação motora.
   O alfabeto manual pode ser desenvolvido de dois modos: Se a criança tiver resíduo visual, ensine antes as palavras escritas e depois os movimentos da mão, mas é preferível soletrar a palavra completa como um “gestalt motor” na mão da criança surdocega.
   Inicialmente a criança imita os padrões de modo geral; mais tarde o padrão se tornará mais refinado e exato. Deste modo, a criança aprende a reconhecer os padrões (módulo) da palavra inteira, como também as letras.
   Se a criança é capaz de perceber letras soltas, estas percepções da palavra são lentas e desarticuladas, isto é, uma influência negativa, pois leva a usar pouco a memória. O alfabeto manual parece um sistema de comunicação abstrato, mas há um certo numero de crianças com déficit intelectual que tem habilidade de desenvolver comunicação por este sistema.
   Quando estudamos a historia da educação do surdocego, vemos que tradicionalmente a criança foi educada de acordo com o princípio de aprendizagem associativa, que é comparar a palavra falada, escrita ou soletrada com o objeto. Desde o começo do nosso trabalho com crianças surdocegas, temos tentado educar a criança com atividade comunicativa. Isto quer dizer, ensina-se a criança a perguntar por coisas e se interessar por coisas ao seu redor. Em outras palavras, ela é encorajada a emitir os sinais para o mundo e será reforçado quando o ambiente responde. Quando a palavra ou frase representa sentimento ou intenções, ela lembrará dela e a usará corretamente em situações adequadas.
  No entanto, o problema é que pouquíssimas crianças respondem espontaneamente ao ambiente. Mesmo surdos com outros problemas, como visão reduzida ou outro problema não demonstrado, sentem, também, muita dificuldade para responder ao ambiente como sentem os surdocegos. Este é o problema do contato com o ambiente que é um obstáculo na educação das crianças surdocegas.
                                                                                                                                        

Referências

Acessado em 07 de Abril de 2014 às 10:20, https://sites.google.com/site/direitoadiferencaamais/dmu-deficiencias-multiplas-e-surdocegueira.
Shirley Rodrigues Maia. Surdocegueira e DMU:aspectos importantes para saber sobre surdocegueira e DMU. 2013.

Acessado em 31/03/2014 às 11:20, http://especiaismomentos.blogspot.com.br/2013/07/surdocegueira-e-dmu.html.